segunda-feira, 11 de abril de 2016

O adultério de Davi


Um dos pontos mais admiráveis nas Escrituras é a sua transparência com respeito às falhas humanas. Nelas poderiam estar registradas somente as atitudes de fé, mas, do início ao fim, estão expostos os pecados e as suas consequências que sobrevieram aos grandes e pequenos, sem distinção.
Davi, por exemplo, teve o privilégio de ser conhecido em sua biografia como o “homem segundo o coração de Deus”. Isso, porém, não significa dizer que ele viveu em constante temor a Ele. Os detalhes de sua queda não foram ocultados de nós, para que pudéssemos aprender com os erros dele, sem precisarmos cometê-los.
Ele já estava estabelecido em seu reino com inúmeras vitórias e grande prosperidade. Mas, passadas as chuvas da primavera, quando os reis saíam com suas tropas à guerra, ele preferiu descansar, enviando um substituto. Ocioso no terraço do palácio, avistou e desejou a mulher do seu mais fiel soldado, Urias.
Entre a cobiça e a concretização há uma linha tênue, respeitada somente por quem se mantém vigilante na fé. Davi adulterou com ela e, como resultado dessa relação, aconteceu uma gravidez indesejada.
Para ocultar seu pecado, Davi mentiu, tramou e, por fim, mandou matar o marido de sua amante
Se fosse no Brasil, o crime de homicídio praticado por Davi teria várias qualificadoras dentro do Código Penal, o que lhe renderia muitos anos na prisão. Entre elas estariam “motivo torpe; fútil; meio cruel; mediante dissimulação; sem dar chance de defesa à vítima; e com a intenção de assegurar a própria impunidade”.
Aparentemente, ninguém iria descobrir ou conseguiria provar a sua culpa. Mas Deus viu e o chamou para acertar as contas da injustiça praticada. O adultério que desencadeou tantos outros pecados acarretou a ele problemas terríveis: a vida de Urias lhe custou a morte de quatro filhos, a mesma pena que ele havia sugerido a Natan para aplicar ao “homem rico que roubara a ovelha do pobre”.
A desgraça na vida de Davi começou com a morte do filho recém-nascido de Bate Seba. Em seguida, assim como ele traiu, sofreu a traição potencializada no seio familiar. Seu filho Amnon estuprou a irmã, Tamar. E o irmão, Absalão, ao descobrir, fica enfurecido e o mata.
Absalão insurge-se contra o pai para tomar o seu trono. Conspira com tanto ódio que levanta o povo contra o rei. Davi é obrigado a fugir do próprio filho. Além disso, no mesmo terraço do palácio onde o pecado começou, Absalão envergonha o pai ao ter relações sexuais com suas concubinas. No entanto, em uma batalha, acaba morto por Joabe.
A espada não se apartou da casa de Davi nem mesmo no fim de seus dias. Por meio de um golpe, o filho Adonias tira proveito de sua velhice e debilidade para tentar usurpar o trono prometido a Salomão. Mais tarde, porém, é assassinado
O arrependimento de Davi trouxe o perdão de Deus e apagou as consequências eternas dos seus atos. Porém, as consequências terrenas não podem ser apagadas.
Ter a misericórdia Divina a nossa disposição não significa ter liberdade para pecar, pois a conta do pecado chega, e é alta demais.


Fonte: Blog do Bispo Edir Macedo
Colaboração: Núbia Siqueira